Professor brasileiro dá exemplo transformador

O ensino de Ciências e o estímulo ao empreendedorismo podem ser importantes agentes de transformação tecnológica, social e ambiental. Isso é o que está provando o professor Márcio Andrade Batista, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que desenvolve, voluntariamente, um projeto que leva conhecimento científico para alunos do ensino médio de escolas públicas de Barra do Garças (MT) em atividades extraclasse.
Com seu trabalho, Batista foi um dos 50 professores selecionados no mundo inteiro ano passado para o Global Teacher Prize (Prêmio Professor Global). Oferecido pela ONG inglesa Varkey Foundation para “um professor excepcional que tenha feito uma contribuição extraordinária para a profissão”, o brasileiro disputou com mais de 8 mil inscritos de 148 nações. Foi o primeiro brasileiro a ser indicado para aquele que é considerado o “Nobel da Educação”.
Ele foi o convidado de hoje de manhã para o ciclo de palestras “Educação em Debate”, promovido pela Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional com apoio da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
SUSTENTABILIDADE – Engenheiro Químico e mestre em Engenharia, Márcio Andrade desenvolve desde 2011 projetos de sustentabilidade junto a alunos do ensino médio de escolas públicas de Barra do Garças, que vem alcançando importantes resultados. Sob a orientação do professor, a aluna Bianca Valeguzki de Oliveira conquistou o prêmio “Jovem Cientista” de 2012.
Ele explica que estimula a curiosidade e a criatividade dos seus alunos para buscar soluções para problemas de sua realidade, usando conhecimentos científicos da grade curricular. “Uma das estratégias do nosso projeto é fazer os alunos interagirem com a sua própria realidade socioambiental”.
Kemilly Ferreira, outra de suas alunas, conseguiu usar soro do leite para fabricação de pães e sorvetes. Outro aluno desenvolveu receita de pão de queijo usando cenouras que iriam ser descartadas.
GERAÇÃO DE RENDA – Estimulando o empreendedorismo e a inovação, Márcio Batista aponta os caminhos para os jovens de como usar o conhecimento parar gerar renda para eles e suas famílias. Outro dos seus alunos deu ideia de usar o talo de buriti como isolante térmico de garrafas de água substituindo o poliuretano. Eles também descobriram como usar esse material, que é muito leve e poroso, como purificador de água.
Para os jovens brasileiros, ser professor é, ao lado da profissão de garçom, o principal “bico” disponível no mercado de trabalho. Talvez por isso é que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), quase 40% dos universitários são analfabetos funcionais e 78,5% dos alunos do ensino médio não dominam a própria língua.
“Iniciativas como a do professor Márcio precisam ser replicadas em todo o país. Imagine o potencial transformador de iniciativas como esta quando pensamos nos milhares de mestres, doutores e professores de nossas universidades que poderiam ser envolvidos”, salienta o presidente da Frente da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR). “Temos que ser ousados, ter atitude, e é importante sonhar grande e ir em busca da sua realização”, avalia o deputado da educação.