Alunos do ensino médio noturno estão indo estudar de dia, diz especialista presidente do INEP

AssCom Alex Canziani
19 de setembro de 2012 - 15:49 h

 

A oferta e a qualidade do ensino médio são um desafio no mundo, mas particularmente no Brasil. É o que acha o professor Luiz Cláudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação. “No mundo inteiro o ensino médio é um desafio, mas no Brasil é ainda maior. Um dos avanços que tivemos no ensino médio foi a migração significativa dos estudantes do ensino médio noturno para o diurno”, salienta o dirigente do INEP. “Agora o Inep deve apresentar um estudo sobre mudanças no ensino médio em no máximo 60 dias. As principais propostas são enxugar o currículo e termos o ensino médio em período integral.”

Costa fez a palestra “O Resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e os Desafios do Ensino Médio”, em evento promovido hoje de manhã (19) pela Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional, em Brasília. Segundo ele, o Brasil tem muito que comemorar no avanço da educação, mas admite que ainda precisa melhorar muito para alcançar os níveis dos países desenvolvidos. “Temos muito que trabalhar para melhoramos a nossa educação. Os desafios ainda são grandes para alcançarmos os patamares dos países desenvolvidos, mas o Brasil está no caminho certo, as políticas públicas surtiram efeitos, o Brasil é um dos países que mais avançaram para melhorar a educação”, afirma o dirigente.

MEDINDO QUALIDADE – O Ideb mede a qualidade do ensino brasileiro nas escolas e rede de ensino. O indicador é calculado a partir do desempenho dos alunos em português e matemática e em taxas de aprovação. Em 2011, as médias nacionais foram maiores do que as metas estabelecidas para que o país cumpra o objetivo de chegar ao nível educacional de países desenvolvidos em 2021.

Neste Ideb, 77% dos municípios alcançaram a meta. A meta do ensino médio de 3,7 foi atingida. Em 2009 esta média era de 3,6. A média para os países que fazem da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, é de 6,0.

Para o presidente da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), a educação ainda precisa de muita atenção dos governos. “O maior gargalo da educação brasileira hoje é o ensino médio. Tivemos muitos avanços, mas ainda temos que mudar muito para melhorar esta modalidade”, salienta o parlamentar paranaense.

“O Congresso está atento a este problema. Temos aqui na Câmara uma Comissão Especial que está trabalhando para apresentarmos mudanças para o ensino médio”, destacou o deputado da educação. “Analisando os dados do Ideb, notamos a melhora, mas sabemos que justamente no ensino médio a mudança ainda é tímida. Avançou, mas não na velocidade que é preciso.”

A série histórica de resultados do Ideb se inicia em 2005, a partir de onde foram estabelecidas metas bienais de qualidade a serem atingidas não apenas pelo país, mas também por escolas, municípios e unidades da Federação.

A lógica é a de que cada instância evolua de forma a contribuir, em conjunto, para que o Brasil atinja o patamar educacional da média dos países da OCDE. Em termos numéricos, isso significa progredir da média nacional 3,9, registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental, para um Ideb igual a 6,0 em 2022.