Dinheiro para educação é bastante, mas precisa ser melhor aplicado, diz especialista

AssCom Alex Canziani
20 de junho de 2012 - 13:57 h

 

A Frente Parlamentar Mista da Educação do Congresso Nacional recebeu, nesta quarta-feira de manhã, em Brasília, o secretário de Ações Estratégicas da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros, considerado um dos maiores especialistas em educação no Brasil, que falou sobre os “Caminhos para Melhorar o Aprendizado”. Na avaliação do secretário, o principal problema que afeta a educação brasileira é a má formação e a baixa qualificação dos professores.

Ainda segundo Paes de Barros, o país precisa – acima de tudo – investir em qualidade. “Os especialistas defendem mais recursos para o ensino, nós acreditamos que antes de mais nada é preciso aplicar bem o que já dispomos”, salienta. “O Brasil já está entre os países que mais gastam com educação. Acho que a solução do problema não é mais recursos e sim como gastar bem, melhorando a qualidade do ensino.”

Para ele, “nós temos exemplos de países, como o Chile e Coréia do Sul, que gastam menos que nós em educação, mas os recursos são melhores aplicados”.

MERITOCRACIA – O secretário de Ações Estratégicas também destacou na palestra a meritocracia na Educação como um dos carros-chefes para a melhoria do aprendizado. Ele sugeriu a instituição no País de um Sistema de Certificação de Professores em moldes similares ao dos EUA, pois acredita que, por meio desse instrumento, poderá se qualificar, valorizar e remunerar melhor a categoria dos profissionais da educação no Brasil.

Essas medidas, afirmou, traria um grande impacto positivo na educação do país referente à melhoria da qualidade. Outro diferencial importante no aprendizado, apontado por Ricardo Paes de Barros, foi a expectativa que o professor tem sobre o aluno. “Se o professor vê no aluno uma probabilidade maior de que ele venha a ter sucesso no aprendizado, o seu empenho em ensinar acaba sendo maior do que aquele professor que não vislumbra qualquer expectativa.” No entanto, admitiu Barros, essa variável é muito difícil de ser mensurada, mas imprescindível na contribuição da melhoria do aprendizado.

“O professor é a peça chave no processo de mudanças no ensino. Precisamos de bons docentes para ensinar matérias básicas que são essenciais no aprendizado dos nossos jovens, como português e matemática”, destacou o secretário. “Hoje vivemos um problema grave na educação. Conseguimos mandar satélites para Marte, mas ainda não somos capazes de formar professores qualificados para ensinar o básico aos nossos alunos.”

Estudos comprovam que alunos que estudam com bons professores o rendimento é cerca de 70% na sala de aula. “Quando o professor não tem qualificação para lecionar, o aproveitamento dos alunos não chega a 15%”, afirmou Paes de Barros.

IMPORTÂNCIA – O presidente da Frente da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), também reforça a importância do corpo docente qualificado. “Está comprovado que o aluno que tem um bom professor tem um desempenho muito melhor. Esta é uma questão que vem sendo debatida por este colegiado desde a criação da nossa Frente”, declarou o deputado da educação. “Não vamos conseguir uma educação diferenciada sem valorizar e qualificar o professor. Atualmente temos alunos que saem do ensino médio sem saber matemática e português.”

Como poderemos – destaca o parlamentar paranaense – ter pessoas bem preparadas para o mercado de trabalho que não conseguem aprendem o básico? “Temos que estimular o professor e uma das formas, como foi mostrado aqui na palestra, pode ser fazendo avaliações dos professores em sala de aula. Podendo fornecer um certificado para o bom docente, como é feito nos Estados Unidos. Os melhores são mais bem pagos”, disse Canziani.