Educação superior reduz orçamento do Paraná

AssCom Alex Canziani
18 de Fevereiro de 2010 - 11:07 h

 

GAZETA DO POVO – Na divisão do bolo do Orçamento da União para 2010, o Paraná fica apenas com algumas migalhas. Dos R$ 117,1 bilhões previstos no demonstrativo regionalizado da Lei Orçamentária Anual (LOA), disponível no sistema Siga Brasil, do Senado, só R$ 4,5 bilhões são destinados ao estado. Isso equivale a um repasse de R$ 421 por paranaense – quase metade do destinado para cada habitante do Mato Grosso do Sul, que não tem população ou economia tão expressivas como as do Paraná . Para especialistas consultados pela Gazeta do Povo, esse desempenho é; fruto de vários fatores, como a falta de articulação política dos representantes estaduais, desunião da bancada e o desalinhamento com as ações do governo federal.

Em valores absolutos, a rubrica destinada ao Paraná é; de apenas 3,8% das despesas regionalizadas, apesar de o estado representar 5,6% da população nacional e 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com os dados mais recentes do IBGE. O Rio Grande do Sul, por exemplo, tem previsão de receber 6,9% das despesas regionalizadas – porcentual mais condizente com a participação de 6,6% no PIB e de 5,7% da população. Minas Gerais, que produz 9,1% das riquezas nacionais e abriga 10,5% dos brasileiros, garantiu uma rubrica de 9,3% dos repasses federais.

Em outras palavras, a União pretende investir o equivalente a R$ 421 em cada paranaense – o segundo menor valor entre as 27 unidades federativas –, R$ 739 em cada gaúcho e R$ 545 em cada mineiro. “A comparação com estados de porte similar revela que há diferença de tratamento”, avalia Márcia Soares, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Sem universidades

Segundo o deputado Alex Canziani (PTB), coordenador da bancada do Paraná, o principal entrave para a captação de recursos para o estado é; o número reduzido de universidades federais. Atualmente, há apenas duas instituições: a Uni­­­versidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que só ganhou esse status em 2005. A terceira, a Uni­­­versidade Federal de Integração Latino-Americana, foi criada no ano passado e deve iniciar as aulas no segundo semestre deste ano. Em Minas Gerais, por exemplo, há 16 instituições, incluindo hospitais universitários; no Rio Grande do Sul, dez instituições.

Alex Canziani mostra que somente na área de educação, o Governo federal deverá mandar R$ 3,9 bilhões para o Rio de Janeiro; R$ 2,7 bilhões para o Rio Grande do Sul e R$ 3,7 bilhões para Minas, enquanto que para o Paraná serão apenas R$ 1,23 bilhão, tudo por conta do número reduzido de universidades.

Somente atravé;s de um programa federal chamado “Brasil Universitário”, explica o coordenador da bancada paranaense, o Paraná receberá apenas R$ 750 milhões, contra R$ 2 bilhões do Rio, R$ 1,6 bilhão do Rio Grande do Sul e R$ 2,22 bilhões de Minas. “Se houvesse um investimento em universidades públicas federais no nosso Estado nos últimos trinta anos, a realidade orçamentária seria outra”, defende.

Outro comparativo apontado por Canziani é; em relação à previdência e aos funcionários inativos federais. Segundo Canziani, o Paraná terá em 2010, R$ 200 milhões para destinar ao segmento, enquanto o Rio Grande terá mais de R$ 600 milhões; Minas, R$ 722 milhões; e o Rio de Janeiro com, pasmem, 1,79 bilhão.

“Todas essas considerações precisam ser levadas em conta na hora de relativizar os números do orçamento”, salienta o coordenador da bancada paranaense.

FALTA DE APOIO – Mas Canziani també;m critica a falta de apoio do governador Roberto Requião (PMDB). “Uma coisa é; um parlamentar, ou mesmo a bancada correr atrás. Se houvesse a presença mais forte do Executivo, seria muito mais fácil. Queira ou não, o grande líder de um estado é; o governador. Mas isso não é; de agora. Com o Jaime Lerner també;m era assim”, relata. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já mencionou em várias ocasiões que o estado poderia receber outro tratamento se houvesse mais empenho do governo estadual.

Canziani també;m se diz insatisfeito com o escritório político do Paraná em Brasília, chefiado por Eduardo Requião. “Não modificou em nada a situação.” Sobre a atuação dos parlamentares no Congresso, o deputado é; categórico: “Sempre que o Paraná precisa, a bancada se une. Não existe essa coisa de um partido ou outro partido. O que falta é; a instituição governo estadual para pleitear recursos.” (COM ASSESSORIA ALEX CANZIANI)

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