Educação de qualidade é receita para potências

Uma coisa é certa: investir em educação sempre dá bons retornos econômicos e sociais em qualquer país do mundo. É o que ficou claro ao final do seminário internacional “Educação no século 21: modelos de sucesso”, promovido hoje pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em parceria com a Confederação Nacional do Comércio e o Sistema Sesc/Senac.
Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Educação Profissional do Congresso Nacional, deputado paranaense Alex Canziani (PTB), no dia em que o Brasil perceber o quão vantajoso é aplicar na educação, o país achará o rumo para se tornar a maior potência existente: “Fiquei impressionado com os modelos existentes em algumas partes do mundo. Acho que dá muito bem para aplicarmos no nosso país”, avalia o deputado, que também é membro da Comissão de Educação e participou do evento. Ele citou os casos da Coréia do Sul, Chile e Finlândia.
Os mais de 600 participantes do seminário conheceram pela manhã as experiências de vários países com a reforma educacional. O professor Stephen Heyneman, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), que serviu no Banco Mundial por 22 anos, relatou as experiências de sucesso de reformas educacionais em vários países, tais como Finlândia, Chile, Nova Zelândia e Coréia do Sul.
Segundo ele, uma reforma educativa não é mera melhoria na qualidade da educação. “Todos os sistemas melhoraram de alguma forma. Uma reforma requer mudanças estruturais, filosóficas e de governança”, disse Heyneman. Ele alertou para os riscos envolvidos nas reformas educacionais, observando que países de renda baixa e média, como o Brasil, costumam agir como “avestruzes” e evitam essas iniciativas mais ousadas.
Heyneman ressaltou, no entanto, que o Brasil tem um potencial de reforma educacional maior do que os Estados Unidos, pois o governo federal tem maior poder sobre os recursos do setor. Ele lembrou também que as reformas precisam ter apoio da população, incluindo pais, alunos e professores.
Heyneman destacou que, em razão das reformas no ensino, a Coréia do Sul alcançou a maior pontuação em um ranking de educação dos países feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os Estados Unidos estão atrás da Coréia no ranking, cuja pontuação é calculada a partir do exame do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O Brasil tem um dos desempenhos mais baixos nesse grupo de países.
CRESCIMENTO ECONÔMICO – O caso da Coréia do Sul foi relatado em detalhes por Chong Jae Lee, presidente do Instituto de Desenvolvimento da Educação Coreana e professor da Universidade Nacional de Seul. Ele aponta os investimentos em educação como um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento econômico de seu país nas últimas décadas. O professor lembrou que, após o fim da guerra da Coréia (1950-53), o PIB per capita do país era de 80 dólares (cerca de R$ 155) e, hoje, é de 16 mil dólares (R$ 31.040).
Ao falar sobre reforma educacional, Chong Jae Lee disse que ela deve, antes de tudo, universalizar o acesso ao ensino e permitir a igualdade de oportunidades para todos. Em seguida, deve-se investir na qualidade. Como aspecto positivo da reforma feita na Coréia do Sul, o professor citou a autonomia pedagógica dada às escolas em nível local. Como aspecto negativo, ele citou o forte controle da burocracia sobre a parte administrativa das instituições de ensino.
Lee apontou quatro aspectos positivos da reforma coreana. O primeiro foi a decisão do governo de priorizar a educação e criar o programa Novos Rumos. O segundo ponto foi a destinação de mais recursos para a infra-estrutura das escolas, com a imediata redução no número de alunos por sala e a melhoria nos salários dos professores. O terceiro ponto foi dar autonomia local para as escolas, sem interferência do governo central. E o quarto, a revisão dos currículos, para atualizar a inserção da Coréia na nova economia.
(COM AGÊNCIA CÂMARA)