Londrina aponta novo modelo de escolha de gestores

Cinco meses depois de assumir a Secretaria de Educação de Londrina, a professora Maria Tereza Paschoal de Moraes contou, durante debate realizado hoje de manhã na Frente Parlamentar da Educação da Câmara dos Deputados, a sua experiência de participar de uma seleção nacional para comandar a segunda maior secretaria municipal de Educação do Paraná. A indicação de Maria Tereza seguiu processo inovador que pode se tornar modelo na escolha de gestores públicos. Essa é a opinião do presidente da Frente, deputado Alex Canziani (PTB-PR), que deu a ideia ao então prefeito eleito de Londrina, Marcelo Belinati, de atrair talentos para a indicação do seu novo secretário de Educação.
O processo seletivo foi coordenado pela Vetor Brasil, especializada em selecionar e desenvolver talentos para trabalharem no setor público. Segundo a diretora executiva da instituição, Joice Toyota, o processo seletivo começou logo após as eleições de outubro do ano passado e durou dois meses.
A chamada pública atraiu 129 candidatos de onze estados, que foram submetidos a três etapas de seleção: avaliação de currículos, sabatina com membros da rede de Ensino (diretores, pais e professores) e entrevista com uma banca de examinadores formada por especialistas. Compunham a banca, entre outros, o secretário Nacional de Educação Básica, Rossielli Soares Silva; a presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz; e o ex-ministro da Educação, Henrique Paim.
Seis candidatos foram selecionados para a sabatina e, após a entrevista, foram indicados três nomes para o prefeito Marcelo Belinati, que nomeou a primeira da lista.
RESISTÊNCIAS – Como toda novidade, Maria Tereza enfrentou certa resistência no início do seu trabalho, mas disse que logo conseguiu conquistar a confiança da equipe. “Londrina é uma cidade dotada de muita gente competente e, claro, todos se perguntavam por que não aproveitar alguém de lá. Eu não trouxe ninguém de fora para me auxiliar e aos poucos fui quebrando a desconfiança. Estamos num processo de diálogo muito bom com a rede de Ensino, discutindo os novos currículos e a ampliação da jornada de 800 para 1 horas. Também já conseguimos equalizar o atendimento da Educação infantil, reduzindo a fila de espera de oito mil para oitocentas crianças”, lembrou ela, que comanda uma equipe de 4.600 servidores para atender 43 mil alunos.
Ela garante que Marcelo Belinati está dando carta branca para o seu trabalho, o que dá credibilidade a todo o processo. Maria Tereza também destaca o trabalho de acompanhamento feito pela Vetor, com cuja equipe se reúne mensalmente. A sua mentora é ninguém menos que Izolda de Arruda Coelho, responsável pelo Pacto Pela Alfabetização na Idade Certa, que promoveu uma revolução na Educação do Ceará.
NOVO DESAFIO – Ao final do encontro, promovido pela Frente da Educação e pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Canziani anunciou um novo projeto inovador: “Vamos escolher um secretário regional de Educação para atender sete municípios do Norte do Paraná. A ideia é oferecer uma gestão integrada com economia de recursos, já que as prefeituras poderão ratear os gastos com o salário do novo secretário e ao mesmo tempo escolher o melhor talento para gerir suas redes de Ensino”, explicou Canziani. A iniciativa será conduzida pelo Consórcio Público Intermunicipal de Inovação e Desenvolvimento do Paraná (Cindepar), que integra 123 municípios.
Canziani aproveitou para lançar um novo desafio para a Vetor Brasil – aproveitar as eleições do ano que vem para trabalhar um banco de talentos para os novos governadores aproveitarem em suas equipes.
Também presente à palestra, o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) sugeriu a criação de uma nova pasta nos governos – a Secretaria de Compras. Ele acredita que a experiência de atrair talentos para a administração pública poderia ter grande repercussão numa pasta que controlasse os compras dos governos. E concluiu: “Acho que a escolha dos prefeitos é que é o grande desafio. A Vetor deveria treinar prefeitos, pois o maior problema dos nossos secretários de Educação é a falta de autonomia”, salientou.