Como falar de notícias falsas em sala de aula
Os professores precisam orientar os estudantes para que eles sejam capazes de identificar o que é confiável do que não é
Com a abertura dos ciberespaços, ganhamos velocidade e facilidade no acesso às informações. Com a propensão das redes sociais de ampliar seu público cresceu também o alcance da desinformação. Em ano de eleições, que prometem ser marcadas pela disseminação de “notícias falsas”, torna-se essencial orientar os estudantes para que sejam capazes de identificar o que é confiável do que não é.
Estamos retomando as aulas, um momento propício para debater e refletir sobre o assunto e também dialogar sobre a internet segura e o uso que se faz das redes sociais, ou seja, a forma como buscamos e compartilhamos conteúdo.
Como ocorre o compartilhamento destas informações
Boa parte dos compartilhamentos das notícias falsas que circulam nas mídias digitais é originária dos chamados bots, contas automatizadas que são criadas com a finalidade de replicar mensagens nas redes sociais e influenciar o debate e opinião pública. Um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) apontou que a disseminação dessas informações tem ocorrido mais pela ação humana, através das redes sociais (como WhatsApp, Facebook, Twitter, entre outros), do que dos robôs. Outro dado da pesquisa aponta que as notícias postadas no Twitter de forma inverídica se espalham mais rápido do que as verdadeiras. E quando acontecem os desmentidos, eles têm um alcance bem menor e não chegam a todo mundo que leu a primeira informação.
Dentro desse cenário, é essencial que nós, professores, abordemos o assunto em sala de aula para formar o cidadão digital, para que nossos alunos entendam os limites da cidadania offline e online.
Checagem de notícias falsas
Algumas medidas simples auxiliam a perceber que uma notícia não é verdadeira, que as notícias falsas podem variam em gênero
Apesar dos passos serem simples para evitar notícias falsas, nem sempre está claro para os estudantes que estão em processo de formação de opinião e familiarizados com os meios digitais. Por isso se torna tão essencial a escola conversar sobre o uso da internet segura e das redes sociais, trabalhando o letramento midiático, através de textos jornalísticos em sala de aula, visando habilidades e competências descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que visa envolver, acessar, analisar, avaliar e criar conteúdos na internet. Nossos estudantes são usuários de tecnologias e também produtores dela.
Conhecer estratégias de checagem de informação permite aos alunos verificar rapidamente aquilo que leem, reconhecendo uma mentira e tomando ciência dos problemas de passar adiante uma notícia inverídica.
Como trabalhar em sala de aula
O ponto de partida é buscar conhecer os usos que crianças e jovens fazem das tecnologias, compreendendo suas necessidades, saberes ao propiciar mediações pedagógicas educativas, favorecendo formação crítica ao refletir sobre os passos de como identificar e combater uma notícia falsa.
O segundo passo é apresentar as notícias para a turma. Podem ser textos informativos e opinativos, solicitando que os estudantes observem as diferenças e relações entre eles. Há diversos temas sobre o assunto e diferentes motivos que podem ser revertidos em ações que visam ação e reflexão.
Campanha “Internet Segura”. Envolva os estudantes na criação de uma campanha de sensibilização sobre a internet segura, informando sobre os cuidados que devem tomar no uso das redes sociais.
Produção de músicas. Outra estratégia é incentivar os alunos a escrever músicas. Com o auxilio do software livre gratuito Audacity (editor de som), eles podem gravar e remixar suas produções.
Palestras. Abra a escola para o diálogo, convide estudantes, pais, funcionários e representantes públicos ou privados que possam conversar e tirar dúvidas sobre o tema. Ao dialogar sobre as melhores maneiras de pesquisar informações e fontes confiáveis, é possível fomentar a responsabilidade e fazer com que todos atuem de forma participativa na identificação, combate e denúncia das notícias falsas.
E você, querido professor, como lida com o tema em sala de aula? Quais atividades você propõe aos estudantes para checagem das informações? Compartilhe aqui nos comentários e ajude a fomentar práticas docentes.
Um abraço,
Débora Garofalo é professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, Formada em Letras e Pedagogia, Mestranda em Educação pela PUCSP, colunista de Tecnologias para o site da Nova Escola.