CCJ aprova cobrança por extensões em IES públicas

AssCom Alex Canziani
19 de junho de 2015 - 10:24 h

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou ontem a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 395/14), que especifica que o ensino superior na rede pública será gratuito apenas nos cursos regulares de graduação, mestrado e doutorado.

De acordo com o autor, o presidente da Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional, deputado Alex Canziani (PTB-PR), o objetivo é excluir do princípio constitucional da gratuidade as atividades de extensão caracterizadas como cursos de treinamento e aperfeiçoamento, assim como os cursos de especialização.

Canziani argumentou, durante a reunião, que essa tem sido uma prática nas universidades para encontrar novas fontes de financiamento, e que de outra forma esses cursos não seriam oferecidos. “No Paraná, por exemplo, temos sete universidades estaduais, e o Estado não consegue mantê-las de forma suficiente. Por isso, por que não oferecer MBA e treinamento para empresas e profissionais que podem pagar por isso?”, defendeu o parlamentar paranaense.

O relator da proposta, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que apresentou parecer favorável ao texto, frisou que a cobrança por cursos foi contestada pelo Ministério Público, em ação que já está no Supremo Tribunal Federal desde 2009. A Universidade Federal de Goiás foi questionada quanto à cobrança da taxa de matrícula, e essa questão foi levantada. Serraglio citou o voto na época do então ministro do STF Menezes Direito, em que ele recomendava a mudança da Constituição. “É o que o parlamentar [Alex Canziani] busca pela presente PEC quanto às atividades de extensão das universidades públicas”, concluiu.

Apenas o deputado Luiz Couto (PT-PB) foi contrário à proposta, e deu como exemplo os institutos federais de ensino, que promovem cursos para o Pronatec de forma gratuita, e que poderiam se ver obrigados a cobrar pelos cursos. “Esse é um dos problemas, temos de estudar melhor essa questão”, disse. Mas ele concordou que na comissão especial será possível modificar a proposta e deixar mais claro que é possível oferecer outros cursos de forma gratuita.

ABRUEM APOIA – A proposta de Canziani, entretanto, conta com o apoio da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem). Representantes da entidade cobram repasses federais para custear as universidades mantidas pelos governos estaduais e municipais. Existem no País 45 instituições mantidas por estados e municípios, que enfrentam dificuldades para financiar a educação superior.

Uma comissão especial será criada agora pela Câmara para analisar a PEC, que ainda será votada em dois turnos pelo plenário da Casa.

COM AGÊNCIA CÂMARA