A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação, está revisando procedimentos e implementando novos modelos para qualificar os investimentos na
Universidade Aberta do Brasil. Foi o que explicou hoje o Diretor de Educação à Distância da coordenação, Carlos Lanuzza, em sua apresentação na Câmara para o ciclo de palestras “Educação em Debate”, promovido pela Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional com o apoio da Comissão de Educação da Câmara. Entre outras estratégias, a Capes passará adotar novos critérios para distribuição de vagas o monitoramento de eficiência e evasão e estímulos ao nivelamento dos alunos nos meses iniciais dos cursos.
A UAB tem um orçamento de R$ 377 milhões este ano para os cursos de Educação à Distância. Para dar mais eficiência ao gasto, a oferta de cursos será precedida de levantamento real da demanda e levará em consideração também avaliações de desempenho.
EVASÃO – Levantamento indica que apenas 33% dos alunos que ingressam no sistema concluem os cursos. O objetivo é elevar esse número para 45% – 50%, afirmou Lanuzza. “Antes eram levadas em conta apenas a estrutura das instituições e o número de vagas pretendidas. Estamos revisando esse modelo de articulação, estabelecendo consultas com todos atores do processo. A distribuição de vagas passará a considerar também a performance. A avaliação do desempenho não considerava esse aspecto da evasão”, explicou o diretor.
MÓDULOS – Outra ideia é estabelecer módulos de acolhimento aos alunos nos três primeiros meses do curso, quando se buscará o nivelamento dos alunos, evitando, de saída, despejar conteúdo e tarefas e pressionar os alunos com avaliação. Além disso, a UAB adotará a portabilidade de disciplinas, para permitir que os alunos que interrompem um curso possam concluí-los mais tarde ou em outra disciplina.
Com 182 mil vagas oferecidas no último edital, esse é, segundo Lanuzza, o maior programa de formação inicial de professores. O sistema da Universidade Aberta do Brasil conta com 106 instituições públicas de Ensino Superior integradas, 160 mil alunos formados e 616 polos ativos, integrando 70% dos municípios com menos de 100 mil pessoas.
FORMAÇÃO – O presidente da Frente da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR) ressaltou a importância do papel da UAB no processo de formação continuada dos professores, mas cobrou a ampliação do acesso. “Não há como falar em qualidade da Educação sem considerar a formação dos professores e, mesmo considerando, o número expressivo de vagas ofertadas. Sabemos que isso ainda não atende à demanda dos professores no Brasil”, sustentou Canziani. Ele sugeriu que o Ministério da Educação considerasse a possibilidade de aproveitar o ‘expertise’ e a estrutura do Sistema ‘S’ para ajudar na formação de professores.
Os deputados Pedro Fernandes (PTB-MA) e Creuza Pereira (PSB-PE) manifestaram preocupação com o alto índice de evasão. “O problema da falta de nivelamento é a baixa qualidade dos professores formados, o que estabelece um círculo vicioso, já que são responsáveis pela baixa formação dos alunos egressos do sistema”, analisou Creusa.
“O problema é na escola ou no conteúdo”, concluiu Fernandes.