Revolução digital exige nova forma de aprendizagem

AssCom Alex Canziani
9 de novembro de 2016 - 15:50 h

A revolução digital que o mundo experimenta exige uma nova abordagem no modelo de aprendizagem da escola do século 21. Essa é a conclusão do reitor da Universidade Estácio de Sá, Ronaldo Mota, do Rio de Janeiro, que participou hoje de manhã do ciclo de palestras “Educação em Debate”, promovido pela Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional com apoio da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Para Mota, as mudanças que a sociedade experimenta hoje na educação se equiparam a dois marcos da história – o surgimento das primeiras escolas na Grécia antiga, 500 a.C., e à invenção da imprensa por Johann Gutenberg, no século XV.

“De todas as instituições hoje, a que menos mudou foi a escola. Os bancos, a mídia, os costumes, quase tudo se transforma rapidamente. Já a escola muda mais lentamente pelo prestígio que experimentou no século 20. Ela era muito adequada à sociedade industrial, mas precisa se adaptar”, argumenta o reitor, para quem as novas tecnologias digitais são o veneno, mas podem se tornar o remédio do processo de ensino.

PRESSUPOSTOS – Ronaldo Mota explica que a sociedade atual é a primeira na história em que toda a informação vai estar total e instantaneamente disponível, com custo zero e de acessibilidade ilimitada.

“A Educação estava assentada no processo de transmissão da informação, não mais. O novo modelo a ser construído deve partir de três pressupostos. Primeiro, todos estão aptos a aprender; segundo, todos aprendem o tempo todo – antes acreditávamos que só se aprendia na escola, mas sabemos agora que estamos aprendendo o tempo todo, inclusive na escola; terceiro e mais importante de tudo, cada indivíduo aprende de uma maneira única e personalizada”, sustenta ele.

CUSTOMIZAÇÃO – Um exemplo que o reitor dá são os alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que atinge 5% das crianças e jovens em idade escolar. No método tradicional esses alunos se enquadram como os menos aptos a aprender. Segundo ele, numa nova estratégia educacional, mais flexível e customizada para as diferentes habilidades dos alunos, esse grupo pode acabar entre os que têm maior capacidade de assimilar conhecimento.

Pessoas com dificuldades na capacidade de letramento, afirma ele, podem ser alavancados se desenvolvermos técnicas específicas para esse grupo. Com as novas tecnologias essa customização é muito mais factível do que parece, garante o reitor.

“Quantos mais dados nós processarmos sobre o desempenho dos nossos alunos, até quando eles cometem erro num teste, mais conheceremos nossos educandos. Mostrar as habilidades de cada um nos permite customizar o processo de ensino. Estamos próximos de viver um cenário que nos permite igualar os níveis de aprendizagem. Pela primeira vez, podemos minimizar os problemas e construir um cenário em que todos possam aprender”, sugeriu ele.

ENSINO MÉDIO
 – Questionado pelo presidente da Frente da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), sobre a proposta de Reforma do Ensino Médio apresentada pelo governo, Ronaldo Mota elogiou a iniciativa do governo, defendeu a urgência nessa mudança e apontou a flexibilização curricular como o ponto mais importante.

“Precisamos pensar num sistema educacional que contemple essa flexibilidade. A escola não vai desaparecer mas pode oferecer um leque de opções para o aprendizado. Com as ferramentas oferecidas pelas tecnologias digitais, pela primeira vez temos a oportunidade no mundo da Educação de conjugar qualidade com quantidade. Temos a real oportunidade de fazer que a escola seja a chave para abrir a porta do futuro”, concluiu ele.