Ensino médio é o “exterminador do futuro”, diz especialista

AssCom Alex Canziani
10 de outubro de 2012 - 14:16 h

 

O ensino médio no Brasil está em xeque, “é um verdadeiro exterminador do futuro”, alerta o professor João Batista Araújo e Oliveira, presidente do instituto Alfa e Beto, organização não governamental de Brasília que atua na área de educação. João Batista debateu, nesta quarta-feira (10), o tema “Ensino Médio: O Papel do Congresso Nacional”, na Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional.

Na avaliação do professor, o ensino médio precisa de mudanças estruturais urgentes: “O ensino médio brasileiro é um grande reprovador de alunos porque é ineficiente e não prepara os estudantes para o mercado de trabalho. Além do mais, a taxa de desistência ainda é muito alta. De cada dez jovens que iniciam o ciclo, apenas quatro o concluem”, salientou.

Para Oliveira, o estudante do ensino médio não se sente motivado. “O aluno não é estimulado, tem um currículo muito extenso, voltado mais para a teoria. As escolas priorizam as matérias acadêmicas em detrimento do ensino profissional, o que acaba desmotivando o estudante. No período noturno isso é ainda pior, porque o ensino é muito fraco, ineficiente”.

Ainda segundo o professor, o currículo único e o grande número de matérias obrigatórias atendem a interesses corporativos (emprego para determinadas categorias profissionais) e às necessidades de garantir uma boa formação acadêmica e humanística. Essas distorções, segundo ele, seriam a causa de o Brasil ter apenas 10% dos alunos de nível médio em cursos técnicos, enquanto em outros países esse percentual varia de 30% a 70%.

João Batista propõe desvincular o ensino médio do profissionalizante, permitir que cursos médios técnicos com ou sem profissão regulamentada tenham seus próprios currículos e que seja exigido do aluno apenas um conjunto mínimo de conhecimento em Língua Portuguesa e Matemática. O especialista em educação ainda sugere alterar a legislação sobre estágios e dar ênfase na formação profissional e primeiro emprego.

O presidente da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), destaca o trabalho do Congresso Nacional em prol do ensino médio. “Estamos trabalhando nesta Casa para apresentar propostas de mudanças. Estamos ouvindo professores, secretários de educação e especialistas no assunto para reformular nosso ensino médio, que hoje é o grande gargalo da educação brasileira”, destacou o deputado da educação. “A qualidade dos alunos que saem do ensino médio é muito ruim. E muitos nem o fazem. Também acho que temos muitas matérias temos que reduzir a quantidade para que tenhamos mais qualidade”, salientou o parlamentar paranaense.

“Faltam professores para tanta matéria. Precisamos de mudanças estruturais no ensino médio urgente para não comprometermos o futuro de nossos jovens que precisam estar bem preparados para o mercado de trabalho, cada vez mais exigente e competitivo.”, destacou.